terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

SÍMBOLO DO FEMINISMO

Conheça a história de Rosie, ilustração 

símbolo do feminismo.

Rosie, a Rebitadora (Foto: Wikimedia Commons)
ROSIE, A REBITADORA (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Hoje conhecida como símbolo feminista, a ilustração de Rosie, a Rebitadora, demorou para fazer sucesso. Ela foi criada durante a Segunda Guerra Mundial pelo governo dos Estados Unidos, mas só se tornou famosa anos depois, na década de 1970.
O cartaz — que hoje é icônico — foi exibido apenas por algumas semanas durante a guerra, em uma fábrica do meio oeste da Westinghouse Electric and Manufacturing Company, nos Estados Unidos. O cartaz contava com a frase "We Can Do It!", que em português significa: "Nós podemos fazer isso!". "Não foi encomendado pelo governo dos EUA e nem sequer destinava-se a opinião do público em geral. Apenas um número relativamente pequeno de pessoas viu isso na época", escreveu Flavia Di Consiglio para a BBC.
Cartaz (Foto: Reprodução)
O cartaz fazia parte de uma série, que também incluiu imagens como uma em que se lia: "Dúvida sobre o seu trabalho?... Pergunte ao seu supervisor". É bastante claro que essa imagem foi criada para um exercício corporativo e não para ser símbolo do empoderamento feminino.
Mas em meados dos anos 1970, com o fortalecimento do movimento feminista, a ilustração voltou à tona, já que mostra uma mulher forte e independente. "A imagem é certamente impressionante e se apropria da imagem familiar de Popeye nos momentos em que ele está prestes a partir para resgatar donzelas em perigo com ajuda de sua força sobre-humana", afirmou Jim Aulich na reportagem.
A Rosie verdadeira
Em 1943 entretanto, uma outra capa com "Rosie, a Rebitadora" foi criada. Nela vemos uma mulher grande sentada em um pilão, comendo um sanduíche de presunto enquanto segura uma máquina. Ao contrário da sua "irmã" famosa, essa personagem está coberta de graxa, por conta de seu trabalho. 
Rosie (Foto: Reprodução)
Outras Rosies apareceram, como a "Rosie ao Resgate", mas a primeira de que se tem notícia é a que surgiu de uma composição de Redd Evans e John Jacob Loeb, que aparece em uma música chamada "Rosie the Riveter".
Além disso, por mais contraditório que pareça, o uso do cartaz pelo governo norte-americano We Can Do It! estava longe de ter intenções feministas. "Claro, durante a guerra as mulheres foram encorajadas a se juntar à força de trabalho, mas com o entendimento de que abdicariam de seus postos assim que os soldados retornassem. Era seu dever", alega Stephanie Buck no Timeline.
(Com informações de Smithsonian.com.)


Fonte: https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2017/12/conheca-historia-de-rosie-ilustracao-tida-como-simbolo-do-feminismo.html

EMPODERAMENTO FEMININO



Taí uma expressão que não sai da mídia, mas, se perguntarmos o que significa “empoderamento feminino”, poucas pessoas vão saber responder com propriedade.  Pois bem, se você também tem essa dúvida fica comigo nesse texto em que eu busco trazer um pouco mais de clareza para essa questão e tudo mais que ela envolve, inclusive aquilo que não é alardeado pela mídia/redes sociais.

Nesse artigo você vai ver:
– Breve perspectiva histórica sobre o tema
– Como empoderar uma mulher que não acredita em si mesma?
–  Existem princípios para esse empoderamento?
– Os 7 princípios de empoderamento das mulheres, segundo a ONU
– 4 princípios internos  fundamentais para o empoderamento feminino

Breve perspectiva histórica sobre o tema


Empoderar pode significar dar ou adquirir poder para si próprio ou outra pessoa. Como uma adaptação do termo inglês  empowerment,   seu significado ainda não é unânime na língua portuguesa. Porém, para além das discussões sobre a origem do conceito de empoderamento, que não me parece ser importante aqui, é fato que  a expressão “empoderamento feminino”  está sendo  largamente utilizada nos meios digitais e ainda causa confusão quanto ao seu real significado.
A expressão é fruto de uma evolução histórica. Até bem pouco atrás as mulheres não tinham seus direitos básicos reconhecidos. Ao longo da história humana, elas tiveram sua inteligência e capacidades subjugadas, ora vistas apenas como reprodutoras, ora vistas como inferiores aos homens, daí que não poderiam ter os mesmos direitos.
Movimentos sociais que prezavam pela liberdade, igualdade e direitos naturais,  como Iluminismo, Revolução Francesa e Revolução Industrial  começaram a dar voz às mulheres que então passaram a se articular  em movimentos pelos seus direitos básicos que, à época, compunham a força de trabalho das indústrias, mas possuíam uma carga de trabalho maior e remuneração menor que a dos homens.  Vale registro também o movimento feminista negro que trouxe a realidade das mulheres negras para o cenário de discussão do movimento feminista original nos Estados Unidos da década de 60.
A partir desses movimentos, mulheres ao redor do mundo e em situações distintas se organizaram para lutar pelos seus direitos básicos ,  contra o opressão negra, o sexismo, a desigualdade de gênero  e o racismo, todos intimamente interligados.
O termo “empoderamento feminino”  tem sua origem cunhada nas conquistas desses movimentos que levantam a bandeira dos direitos das mulheres pela  igualdade de gênero, não violência, direito à educação, saúde, direito ao voto, entre tantos outros.

Mas, como empoderar uma mulher que não acredita em si mesma?



Hoje, essa expressão pode ser entendida também como um dos principais objetivos desses movimentos feitos por mulheres para mulheres: o de resgatar o poder de cada mulher, de dar voz à cada mulher, o de promover a conscientização individual para que no coletivo sejam realizadas as mudanças de ordem social, política, econômica, cultural e, porque não dizer, religiosas, no contexto atual da mulher. E é maravilhoso ver ao redor do mundo inteiro o levante de diferentes mulheres, com diferentes crenças e realidades, buscando trabalhar o empoderamento de outras tantas, num esforço conjunto de transformação da realidade em que vivemos na busca pelo equilíbrio, a paz, a harmonia, o respeito e a igualdade entre homens e mulheres.
Porém, na minha modesta opinião, o termo empoderamento feminino está ainda além do contexto sócio-político-econômico-cultural mencionado acima. Para mim, trabalhar o empoderamento da mulher é ir mais fundo na origem das crenças que toda mulher alimenta a respeito de si mesma. Se não podemos alcançar o espaço onde estão armazenadas essas crenças mais profundas e ali realizar as transformações de ordem estrutural – intelecto-emocionais – que são necessárias, todo esse esforço no campo social  pode restar pouco frutífero.
Isso porque uma pessoa, uma mulher somente pode dar a si mesma ou à outra, se ambas reconhecem em si mesmas o seu poder interno pessoal, seus potenciais e habilidades, as forças que contribuem e impulsionam a construção de um espaço de respeito por si mesma, de atitudes concretas na busca da realização dos seus principais sonhos e objetivos.
A mudança se realiza de dentro para fora! Como empoderar uma mulher que não acredita em si mesma, que não possui  amor próprio suficiente para lhe conduzir à realização dos seus sonhos e objetivos, que não reconhece o seu próprio poder e que não acredita (ou não sabe que possui) nos recursos internos que possui para transformar sua própria realidade?
Se não dotarmos essa mulher contemporânea de conhecimento, mas também de competências e habilidades emocionais que lhe permitam recriar sua realidade, nossos esforços terão menos resultados do que poderíamos alcançar. O empoderamento feminino, na minha visão, parte de uma perspectiva individual para o coletivo: uma mulher que se cura, que se empodera, naturalmente impulsiona a cura e o empoderamento das mulheres ao seu redor, esteja ela consciente disso ou não.

Existem princípios para este empoderamento?

Nessa perspectiva de empoderamento feminino a partir desses movimentos sociais,  a ONU Mulheres – Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres –   tem encabeçado várias campanhas sobre a temática ao redor do mundo, nas quais trabalha toda essa ideologia das discussões de gênero, sororidade, não violência, como também e, especialmente, o apoio ao empreendedorismo feminino, ao desenvolvimento de lideranças e à conscientização da comunidade empresarial mundial da importância de incorporar aos seus negócios práticas e valores que estejam em consonância com o empoderamento da mulher.
Assim, em 2010, a ONU Mulheres  em parceria com o Pacto Global das Nações Unidas, elaborou um grupo de princípios direcionados ao meio empresarial, publicado em documento chamado de  “Women’s Empowerment Principles”, ou seja, Princípios de Empoderamento das Mulheres, que visa orientar sobre práticas e valores relacionadas ao empoderamento das mulheres e à igualdade de gênero no ambiente de trabalho, no mercado de trabalho e na sociedade de maneira geral.


São eles, os 7 Princípios de Empoderamento das Mulheres, segundo a ONU 



  1. Estabelecer liderança corporativa sensível à igualdade de gênero, no mais alto nível.
  2. Tratar todas as mulheres e homens de forma justa no trabalho, respeitando e apoiando os direitos humanos e a não-discriminação.
  3. Garantir a saúde, segurança e bem-estar de todas as mulheres e homens que trabalham na empresa.
  4. Promover educação, capacitação e desenvolvimento profissional para as mulheres.
  5. Apoiar empreendedorismo de mulheres e promover políticas de empoderamento das mulheres através das cadeias de suprimentos e marketing.
  6. Promover a igualdade de gênero através de iniciativas voltadas à comunidade e ao ativismo social.
  7. Medir, documentar e publicar os progressos da empresa na promoção da igualdade de gênero.

Interessante notar que a ONU Mulheres busca trazer esses princípios à comunidade empresarial mundial por entender que o empreendedorismo é, atualmente, um dos mais poderosos instrumentos de transformação da sociedade e, especialmente, de empoderamento dessa mulher que se torna capaz de ser líder de si mesma, de tomar decisões e conduzir sua própria vida de maneira independente e realizadora.
Por outro lado, partindo do pressuposto que o empoderamento da mulher também (e principalmente) ocorre a partir da perspectiva que ela tem sobre si mesma, ou seja, começa de dentro para fora, considero imprescindíveis os princípios abaixo mencionados.

Os 04 princípios internos fundamentais do empoderamento feminino



1. AUTOCONHECIMENTO
Muitas mulheres se veem impotentes frente aos desafios da vida, sem forças para fazer as mudanças que entendem necessárias, sem mesmo saber por onde começar e isso pouco tem a ver com a preparação educacional, o nível intelectual que ela tem.   Existem muitas mulheres com profissão regular, talvez até uma carreira estruturada que tem dificuldade de se colocar ativamente diante dos obstáculos ou  de se posicionar diante de pessoas ou situações abusivas.
Somente quando uma mulher se permite adentrar o seu universo particular e identificar seus pensamentos e emoções dominantes, entende seu processo de tomada de decisões, reconhece seus pontos fortes e também suas limitações e tudo o que, a princípio, surge como um impedimento ao seu crescimento pessoal e profissional, e  o que é necessário fazer para crescer e evoluir, é que se pode começar a falar em empoderamento.
Isso tudo porque não adianta buscar fora o que só é possível encontrar dentro da gente,   há uma frase que que gosto muito e que espelha bem esse entendimento: “o verdadeiro problema é a ausência de si mesma, é não ter conquistado a si mesma”.

2.AMOR PRÓPRIO
O amor próprio é o sentimento de estima, dignidade e respeito que uma pessoa tem por si mesma. Dele decorrem a autoestima, autoimagem positiva, autoconfiança e a segurança.
Assim, uma mulher que se desconectou do  seu amor próprio jamais poderá ser/estar empoderada enquanto não resgatar o seu senso de valor pessoal.
A percepção que a mulher tem de si mesma surge das suas experiências de vida, com destaque para as situações vivenciadas na infância onde é formada sua personalidade, dita como ela se vê emocionalmente, suas qualidades/defeitos e por conseguinte, também como ela se comporta diante da vida, como enfrenta os desafios, como ela se relaciona com o mundo interior e exterior.
Uma mulher que está desconectada do seu amor próprio tende a não se valorizar, a não reconhecer seu poder, sua capacidade e seus pontos fortes. A insegurança e a falta de confiança em si mesma impedem essa mulher de desenvolver e viver com todos os seus recursos, de realizar todo o seu potencial, de se sentir empoderada.

3. AUTORRESPONSABILIDADE

O que acontece na nossa vida pessoal ou profissional ou pessoal, seja bom ou ruim, é uma resposta às nossas decisões (ou silêncio), ao nosso comportamento (ou omissão), aos nossos pensamentos e sentimentos. Ou seja, nossas escolhas, conscientes ou inconscientes que direcionam nossas ações e nossos caminhos, sendo importante também entender que nossas omissões também são escolhas, não somos vítimas de qualquer pessoa muito menos das circunstâncias, ou nos colocamos onde estamos ou nos permitimos estar lá!
Eu costumo dizer que entender essa verdade é ao mesmo tempo assustador e empoderador. Sim, é assustador perceber que se a vida não tá legal nós somos as responsáveis por isso.
Por outro lado, é empoderador porque te permite entender que se eu você está nesta situação hoje, será você a única pessoa capaz de te tirar de lá e te levar para onde você gostaria de ir.
É empoderador também porque você entende que nada está fora do seu controle, por mais que pareça estar. Você sempre pode mudar a rota, fazer novas escolhas, agir de forma diferente porque só você sabe para onde gostaria de ir e sabe também que precisa fazer algo diferente se as ações não te conduzindo para onde você estaria feliz e realizada.

4.INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

A inteligência emocional é reconhecida atualmente como um dos maiores pilares dos grandes líderes mundiais. Liderança é não só a capacidade de liderar outras pessoas, mas também a capacidade de liderar a si mesma, algo essencial quando se fala em empoderamento.
Mas, não é só isso.  Autoconhecimento, autocontrole, automotivação, empatia e habilidades sociais são competências da inteligência emocional essenciais ao empoderamento feminino.
A capacidade que uma mulher tem de gerenciar suas próprias emoções e das pessoas com as quais se relaciona cotidianamente, de se manter focada e automotivada na realização dos seus sonhos e objetivos, de reconhecer seu potencial, suas forças e maiores recursos, de desenvolver liderança pessoal dá a ela os elementos essenciais ao verdadeiro empoderamento.
 Esses são os quatro pilares, a meu ver, essenciais ao empoderamento feminino que tanto se busca atualmente. Dotar as mulheres da preparação emocional e mental adequada, ressignificando as crenças limitantes, resgatando seus recursos internos e seu poder pessoal é a única maneira realmente efetiva de concretizar esse espaço onde as conquistas obtidas com os movimentos sociais se realizem e permitam a qualquer mulher viver toda a sua plenitude e potencial. Isso sim é empoderar uma mulher! 🙂



“Quando as mulheres estiverem plenamente conscientes do seu poder, elas poderão usá-lo para transformar a si mesmas e ao mundo ao seu redor.” 

Mirella Faur

Se você deseja aprofundar mais no tema, aqui tem um artigo da Camila Carolina Hildebrand Galetti; Empoderamento feminino e trajetória de vida: os modelos rígidos do “ser mulher”. Você pode baixar Aqui

Se você gostou desse artigo, compartilhe, marque as amigas. É o poder de todas nós juntas que realmente faz a diferença. Juntas somos mais fortes e  podemos ir mais longe!  🙂

Fonte: https://kellycoimbra.com/empoderamentofeminino/




sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

IRÈNE JOLIOT-CURIE

Irène Joliot- Curie (1897-1956): mulher que marcou historia da química

A química francesa Irène Joliot-Curie (1897 – 1956) é filha do casal Marie Curie e Pierre Curie. Aos 24 anos ela escreve seu primeiro artigo científico. Em 1926 ela se casa com Frédéric Joliot-Curie, que conhece durante o período em que trabalhou no Instituto do Rádio da Universidade de Paris, fundado por sua mãe Marie Curie.
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"É preciso fazer algum trabalho com seriedade e deve ser independente e não meramente se divertir na vida - isso nossa mãe [Marie Curie] sempre nos disse, mas nunca que a ciência era a única carreira que merecia ser seguida".                                                                                                                                                                                                         Iréne Joliiot-Curie

Iréne Joliiot-Curie e Frédéric Joliot-Curie receberam em 1935 o prêmio Nobel de Química pela descoberta da radioatividade artificial. Isso tornou a família Curie a maior ganhadora de prêmios Nobel até hoje.
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Irène Joliot-Curie e Marie Curie

Em 1938, sua pesquisa sobre a ação dos nêutrons nos elementos pesados foi um passo importante na descoberta da fissão do urânio. Indicada para professora em 1932, tornou-se professora na Faculdade de Ciências de Paris em 1937 e depois diretora do Instituto Radium em 1946. Irene participou na criação e na construção da primeira pilha atômica francesa (1948). Ela estava preocupada com a inauguração do grande centro de física nuclear em Orsay para o qual ela elaborou os planos. Este centro foi equipado com um sincro-ciclótron de 160 MeV, e sua construção foi continuada após sua morte por F. Joliot.
Irène Joliot-Curie se interessou pelo progresso social e intelectual das mulheres, tendo sido membro do Comité Nacional da União das Mulheres e do Conselho Mundial da Paz. Em 1936, Irène Joliot-Curie foi nomeada Subsecretária de Estado para a Investigação Científica. Ela era membro de várias academias estrangeiras e de numerosas sociedades científicas, tinha doutorado honoris causa de várias universidades. Ela morreu em Paris em 1956. Os dois filhos do casal, Hélène e Pierre, também se tornaram cientistas.
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Além do Nobel, Irène Joliot-Curie recebeu a Medalha de ouro do Barnard College, por mérito e serviço à Ciência, em 1940, entre outras premiações.

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Fonte: http://socientifica.com.br/2017/03/18-notaveis-mulheres-da-ciencia/


MAYANA ZATZ


Bióloga e professora titular de genética da Universidade de São Paulo (USP), Mayana Zatz chora com freqüência. Três meses atrás, sua mãe Ella, uma polonesa formada em letras e fluente em oito idiomas, “perdeu o interesse pela vida” e morreu, lúcida, aos 92 anos. Com o emocional aflorado, Mayana faz um exercício para conviver com a perda e cita uma passagem. “Ao sair de um restaurante, na Índia, no ano passado, vi um pessoal numa espécie de procissão, carregando flores, cantando”, conta. “Era um enterro. Me explicaram que, se a pessoa morre depois dos 90 anos ou viveu o suficiente para ter bisnetos, teve tudo de bom na Terra e a morte tem de ser festejada. Não se deve chorar.”

Para alguém como Mayana, que passa 18 horas por dia focada no trabalho e já ouviu histórias de cerca de 25 mil pacientes, sublimar o choro deveria ser uma tarefa relativamente tranquila. Mas ainda não é. Aos 58 anos, presidente-fundadora da Associação Brasileira de Distrofia Muscular (Abdim), Mayana emocionou-se, recentemente, em visita à família de um de seus pacientes, em Natal, acompanhada do psicanalista Jorge Forbes. O paciente, de 20 anos, sofre de distrofia de Duchenne (é a forma mais grave entre os 30 diferentes tipos da doença). Pessoas com essa enfermidade nascem normais e, aos três anos, começam a se debilitar. Com 10, param de andar até que os músculos superiores são atingidos a ponto de impossibilitar movimentos como levantar um copo.

“Foi emocionante ver um garoto de cadeira de rodas frequentando a faculdade, cheio de amigos, indo a festas”, conta ela, que, por meio da instituição, propicia fisioterapia, hidroterapia, terapia ocupacional e outras atividades em prol da melhoria da qualidade de vida de cerca de 100 crianças com distrofia (degeneração progressiva da musculatura esquelética).



Há quatro meses, Mayana desenvolve com o psicanalista Forbes um trabalho inovador na área terapêutica. Ela – que já identificou 6 genes responsáveis por doenças neuromusculares e é dona do título de melhor cientista da América Latina conferido pela Unesco/L’Oréal, em 2001 – e o psicanalista têm tratado, conjuntamente, de pacientes com doenças genéticas (irreversíveis, para as quais não existe cura) no Centro de Estudos do Genoma Humano da USP, que é coordenado pela cientista.


No laboratório da USP: “Fazer ciência é muito
pouco. A gente tem de fazer mais coisas”




“Eu nunca vi nada publicado a este respeito: um psicanalista e uma geneticista, juntos, na mesma sala, fazendo clínica numa ação conjunta”, diz Forbes. “O nosso trabalho é não deixar o ‘doente’ se acomodar no narcisismo da sociedade. É fazer com que encare as modificações de que é acometido como algo surpreendente e que responda não através da acomodação do sintoma, mas por meio da invenção de uma nova forma de viver.”

Mayana resume o trabalho como um “tratamento de choque”, uma revolução na vida dos pacientes. Ela mesma é uma revolucionária: raramente usa jaleco branco, pouco fica debruçada no microscópio

ou fechada em laboratório. Seu prazer está na parte humana da ciência, na interação com as histórias dos pacientes. “Procuro sempre mostrar a importância do trabalho social e não só o científico”, afirma. “Talvez a minha diferença em relação ao cientista tradicional seja o fato de não ser só cientista. Fazer ciência é muito pouco. A gente tem de fazer mais coisas.”



E ela faz. Em 2004, a cientista pendurou o jaleco no laboratório e passou a freqüentar Brasília a cada duas semanas. Lá, foi voz ativa na aprovação, em março do ano passado, da Lei de Biossegurança, que autorizou as pesquisas com células-tronco embrionárias para fins terapêuticos. “Ajudei a reescrever o projeto de lei, bati de porta em porta para dar aula aos senadores sobre célula-tronco. A maioria não tinha a menor noção”, afirma a cientista. Ela se refere às células que têm o potencial de formar diferentes tecidos (sangue, ossos, nervos, músculos, etc.) e cuja utilização para fins terapêuticos pode representar a única esperança para o tratamento de inúmeras doenças.



Numa de suas idas à Capital Federal, Mayana, pouco antes de uma audiência com a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), foi interpelada por pais de duas meninas (Mayanna e Monique) com atrofia espinhal: “Somos evangélicos, apoiamos as pesquisas e estamos aqui para ajudar”. Mayana entrou com eles no gabinete da senadora e a mãe pediu a palavra: “Sabe, senadora, a Mayanna já anda, mas a Monique ainda não. E outro dia ela disse: ‘Mãe, não dá para você fazer um buraquinho nas minhas costas, botar uma pilha e fazer eu andar igual minha boneca?’”.

A comoção foi geral e a cientista deixou o gabinete com mais um apoio à lei, que foi aprovada dias depois. Faltava a votação dos deputados, que vinha sendo adiada. Certo dia, o então presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, apoiado pela bancada católica, contrária às pesquisas com embriões, pediu uma reunião com a cientista. “Minha filha é fisioterapeuta, conhece seus trabalhos e me disse que está chegando em Brasília e não sairia daqui enquanto eu não colocar essa lei para votação”, disse-lhe Severenino. “Ela é a favor dessas pesquisas e minha esposa também.”

A Lei de Biossegurança foi aprovada por 352 votos a favor e 60 contra. “Foi minha maior briga. Sou briguenta, mas não compro briga pequena”, diz Mayana que, na USP, já injeta célula-tronco em animais e acredita que em menos de dez anos consiga desenvolver terapias para doenças neuromusculares. A ciência é sua praia desde os cinco anos, quando lia os livros dos cientistas franceses Pasteur e Madame Curie. Mayana nasceu em Israel. Com um ano, foi para a França, onde ficou até os sete antes de vir de navio para o Brasil. O sotaque francês aparece sempre que pronuncia o “erre”. Inquieta na infância, a cientista tinha mania de abrir brinquedos para descobrir como eram por dentro. E gostava de provar sozinha tudo quanto era teoria. “Será que água oxigenada deixa o cabelo loiro? Lá ia eu fazer o experimento em mim mesma”, conta.

Seus dois filhos, Cíntia, 32 anos, e Fábio, 30, foram, quando crianças, cobaias dela. “Uma vez, ela fazia pesquisas com hormônios de crescimento e precisava de sangue. Eu e meu irmão tiramos sangue em casa, corremos por 10 minutos para liberar mais hormônios de crescimento e voltamos a tirar sangue”, conta Cíntia. Mesmo consumida quase que totalmente pela profissão – cujo nível de excelência é traduzido pela publicação de 280 trabalhos científicos que foram citados 4.284 vezes em revistas especializadas – a cientista foi uma mãe presente. Ensinou os filhos a andar de bicicleta, a dirigir e jantava com eles e o ex-marido todas as noites. E fazia questão de que a televisão permanecesse desligada para que a família conversasse. “Minha filha dizia que eu era controladora

demais. Adolescente, ela me apelidou de Fidela, em alusão ao Fidel Castro”, conta.



Mayana, hoje, mora com o filho Fábio. Ela foi casada por 30 anos com um engenheiro civil, pai de seus filhos, seu primeiro namorado, primeiro e único casamento. Há sete, ela se separou e explica: “Para o homem, é difícil ter uma mulher que se dedica demais à profissão. Ser uma mulher bem-sucedida acabou com meu casamento. Na maioria dos casos, os homens são criados para serem o centro das atenções. E é difícil para o homem inverter o papel”. A cabeça da cientista está trabalhando até mesmo quando ela corre de manhã pelas ruas acompanhada da mini-schnauzer Mini. “Chego em casa e escrevo as idéias que tive correndo”, conta.

Mayana é vaidosa, mas desde que não lhe tome muito tempo. Unha e cabelo, por exemplo, ela faz uma vez por semana, no salão de beleza na esquina de casa que a atende assim que a cientista liga. “Se saio para comprar roupa, escolho três, quatro peças de uma vez. Sapato, a mesma coisa.” A estética nunca esteve na frente dos estudos para Mayana. Aos 14 anos, já havia meninos a paquerando, mas sua ambição era estudar e casar tarde. Era tão focada na carreira científica que sua mãe Ella, que lia três livros por semana, dizia que a filha era “um poço de ignorância” para assuntos da cultura humanística. “Muita ciência e pouca literatura”, traduz Mayana, que prova o que aprendeu na Índia e sorri ao lembrar de sua mãe.


Fontehttps://www.terra.com.br/istoegente/382/reportagens/personalidade_mayana_zatz.htm





DOROTHY CROWFOOT HODGKIN

A cientista Dorothy Crowfoot Hodgkin, premiada em 1964 com o Prêmio Nobel de Química, nasceu em 12 de maio de 1910, no Egito, na região do Cairo. Seus estudos foram voltados a compreender e desenvolver a cristalografia de raios-X, a penicilina e a vitamina B12.
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A cientista conseguiu apresentar, através de estudos de bioquímica, como eram as estruturas tridimensionais das biomoléculas. Assim, foi possível aprimorar o funcionamento da cristalografia de raios-x.
Dorothy Crowfoot Hodgkin também chamou a atenção com os estudos realizados a respeito da penicilina e como ela é estruturada. O terceiro estudo muito importante, que rendeu o Prêmio Nobel de Química para a cientista, foi a respeito da vitamina B12 e como está organizada sua estrutura.
Em seus estudos na área de bioquímica, a cientista também realizou mais uma pesquisa bem desenvolvida sobre como está organizada a estrutura da insulina.
No mundo inteiro, a cristalografia dos raios-X foi muito aplicada. As estruturas das moléculas biológicas, que foram decifradas por Dorothy Crowfoot Hodgkin, foram essenciais para que a função das biomoléculas fossem conhecidas a partir de suas estruturas.
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Dorothy Crowfoot Hodgkin foi uma mulher à frente de sua época, por ser uma cientista proativa e determinada, muito inteligente e reconhecida por seu pioneirismo na área da bioquímica. Tornou-se membro da Royal Society em 20 de março de 1947.
Na adolescência, Dorothy Crowfoot Hodgkin passou muito tempo estudando química, quando adquiriu muito gosto e conhecimento a respeito da matéria. Estudou com muito afinco e empenho para ser aceita na Universidade de Oxford, onde entrou em 1928, com apenas 18 anos de idade.
Obteve o título de doutora pela própria Universidade de Cambridge em 1937, com a tese que era voltada ao estudo da estrutura das proteínas, o que, posteriormente, a levaria ao contexto da estrutura da vitamina B12.
Dorothy Crowfoot Hodgkin e a estrutura molecular da vitamina b12
Outro dado é que 1937 foi um ano muito importante para a cientista, que acabou se casando com Thomas Lionel Hodgkin, um historiador marxista bastante conhecido.
Para estudar a estrutura da insulina foram necessários 35 anos de dedicação. A insulina se caracteriza por algumas complexidades, principalmente por causa do tamanho elevado de suas moléculas.
A estrutura ficou definitivamente decodificada em 1969 e Dorothy Crowfoot Hodgkin fez inúmeras viagens ao redor do planeta para ministrar palestras e apresentar a estrutura da insulina ao mundo acadêmico e científico, além de explicar como a insulina é importante para pacientes diabéticos.
Dorothy Crowfoot Hodgkin desenvolveu artrite reumatoide, ficou com os pés e mãos deformados e teve que se movimentar com cadeira de rodas durante muito tempo. Ela sofreu um AVC em 29 de julho de 1994, falecendo aos 84 anos de idade.
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Fontehttps://www.grupoescolar.com/pesquisa/dorothy-crowfoot-hodgkin.html